Postado por Simon Valadarez | | Posted On terça-feira, 10 de agosto de 2010 at 21:14

Palhinha

Postado por Simon Valadarez | Marcadores: , , , , , | Posted On quarta-feira, 18 de março de 2009 at 00:50

Finalmente criei coragem pra publicar uns arquivos do fundo do baú.
Começo com esse vídeo de 2007. Nele, cantar não foi o desafio principal.
Difícil mesmo foi pisar no palco como cantor e dizer que era ator sem experiência nenhuma nem ensaio pra essa música hehehe.
No vídeo, Eu e Lívia (amiga que participou do musical AIDA) cantando Elaborate Lives de Elton John na apresentação do grupo Friends In COmpany da Flavinha Libonati.

UM ANO SEM VOCÊ, SAMARAH

Postado por Simon Valadarez | | Posted On domingo, 15 de março de 2009 at 01:17

Às vezes lembranças doloridas dormem e acordam comigo como se tudo tivesse acontecido ontem ... e é preciso força pra vencer um único dia cinza que volta de repente e insiste em durar... Às vezes também lembranças boas surgem num som, num gesto ou num sorriso parecido de um rosto que vejo... Nesses dias o sol e o céu recuperam a cor por fora, as lágrimas se esconden longe, distantes, como o eco do fim da chuva de verão que respinga em uma gruta vazia onde o inverno decidiu morar... .






ABAIXO O TEXTO QUE ESCREVI NO DIA 14 DE MARÇO DE 2008 - UM DIA DE LUTO.

Quando o Jardineiro apanhou de súbito uma das mais belas flores do nosso jardim,
indignados e espantados questionamos para onde Ele a levaria e porque a tirou de nós.
Em meio à comoção, a resposta soprou suave aos corações dos que puderam ouvir:
“Obrigado servos por terem cuidado bem e feito o melhor que podiam pela minha flor que confiei a vocês durante um tempo”.

Hoje, dia 14 de março morreu minha irmã mais nova, Samarah.
Aos 23 anos, ela sonhava em ser bióloga e amava plantas, flores e animais.
Embora também amasse as pessoas, confiou a poucas e privilegiadas vidas os segredos do lado mais belo de sua personalidade tímida e introvertida.
A pureza e a força com que ela viveu conosco tornou-a a mais bela e resistente flor que havia no jardim. No entanto de súbito foi arrancada da paisagem que vislumbrávamos à nossa frente.
Assim vimos sua luta de 23 dias na UTI passar como um drama aparentemente triste embora jamais possa ser comparado ao grande e maior testemunho de quem viveu sem se contagiar pelas maldades do mundo.
A Samarah viveu com o coração de criança e a coragem de uma guerreira capaz de constranger o mais forte dos heróis. Eu fui um de seus heróis.
Hoje, ao fim da etapa aqui conosco, a breve porém grande história da minha pequena irmã me constrange a ser melhor e maior diante da vida e diante de Deus que a dá.
Sua história foi breve se comparada à eternidade que Ele preparou para os que crêem nele. Ela sempre creu e confiou.
Sua história foi gigante por tamanha fé e coragem ao dizer sim para a vida e para os seus sonhos.
Pequena pela fragilidade que insistíamos em atribuir à caçula que revelou-se maior e mais forte do que suas próprias limitações.
Sei que fui um de seus heróis não porque em mim mesmo houvesse todas as virtudes de um super-herói, mas sim porque para alguém com o coração simples como o dela até mesmo pequenas qualidades transformam vidas comuns em fontes de inspiração e força.
Assim, em vida, com seu olhar infantil ou na morte com seu testemunho de fé, a Samarah imprimiu em nós marcas tão profundas quanto a saudade que ficará.
Especialmente nos últimos dias ela forjou de nós heróis verdadeiros: tios e tias, primos, amigos, irmãos de fé, Sarah, minha mãe e meu pai - pessoas comuns diante da certeza inegável de que a vida também nos reserva a separação, enquanto a fé e o amor nos revelam especiais em cada atitude, cada prece, cada abraço, cada lágrima, cada sorriso ... tudo o que nos faz vencer juntos com Deus e em Deus.
Que privilégio o meu!
Que privilégio o nosso de o próprio Autor da Vida ter nos concedido 23 anos com ela como família que continuamos sendo! 23 anos ao lado de um ser humano que se tornou hoje mais uma flor no Jardim de Deus. E pra nós um testemunho do encontro entre a força e a beleza, o amor e a ingenuidade em uma mulher corajosa que será pra sempre nossa bebê caçula.
Hoje, nos braços do Pai.

(Simon Valadarez)

PALAVRA

Postado por Simon Valadarez | | Posted On domingo, 8 de março de 2009 at 11:19

Palavra? Não sou eu que a escrevo, nem minha voz define seu fim num canto. A palavra é que descreve em linhas próprias nossos sons, formas e encantos. Revela sentidos e sentimentos. Liberta e escraviza. Dita multitons silenciosos. Desce da boca aos dedos. Do ar às pedras. Do som à luz. A palavra paira sempre inerte como código aos olhos que lêm quando a alma não decifra . Porém sua jornada nunca é vazia até o coração que sabe ver. Ela produz, revela, nomeia, define, anuncia e esconde. A palavra mata e faz viver. Cria, apaga e torna a significar mundos, tempos e coisas. Somos o que ela vê e revela. Somos o que a palavra é.

UMA TARDE EM PARIS

Postado por Simon Valadarez | | Posted On domingo, 1 de março de 2009 at 10:28



Quinta-feira, 26 de fevereiro. Pego um vôo as 05 da manhã de Goiânia pra São Paulo, enfrento o trânsito já amanhecendo até chegar em casa, ligo na universidade pra confirmar o curso de pós-graduação, passo pra pegar a mochila reformada, me perco no caminho pra um teste de publicidade, atraso no primeiro teste e perco o segundo do dia...às 05 da tarde o trânsito parado ...MAS TUDO ISSO NÃO TEM PREÇO...quando o final do dia me reserva, às 19hs, um vôo direto pra Paris com direito a classe executiva e tudo mais!!!!!
Calma, calma!!! Apesar da agenda do dia parecer a de algum artista ou executivo do showbusiness essa foi a minha própria agenda do final de semana ehehhe!
Mas como minha conta bancária não permite essas cenas típicas das novelas de Manoel Carlos em que as Helenas e até a galera da Vila VaiQuemQué passa finais de semana na Europa só pra desestressar, segue a explicação:
Graças aos bônus da empresa aérea e a benevolência de amigos (leia-se networking hauhua) gastei pouco mais de 50 euros com minha mochila nas costas, luvas e cachecol em dois dias num final de semana frio em Paris. Ah! Gastei muito pé também porque eu não deixaria de fazer o roteiro clássico de qualquer turista como eu pra ficar dois dias sentado numa mesa de hotel comendo escargot, brioche e tomando champagne!
Bom, não sei se por questões óbvias de tempo-di$tancia mas badalação pra mim vale mais pela aventura e liberdade do que pela obrigação de sustentar cara de glamour em sociais ehhehe. Mas se tive meu final de semana ultrapop? Tive sim!

VOLTO A ESCREVER

Postado por Simon Valadarez | | Posted On sábado, 5 de julho de 2008 at 01:39

Já são mais de 17 meses sem escrever aqui no BLOG.
Li, reli e redescobri tantas memórias e sensações nos poucos textos que ficaram parados aqui nesse tempo..
Tanta coisa aconteceu e a realidade se mostrou tão diferente de tantos planos e projetos, mas mesmo assim não posso deixar de ser grato porque uma compreensão maior paira sobre o tempo e os fatos, os argumentos e a própria realidade - de que não somos os mesmos de ontem, tão pouco seríamos os mesmos de 17 meses atrás. A última notícia relevante ou pouco importante pode ser relatada numa conversa rápida de fila de banco. Mas 17 meses de silêncio não podem ser publicados de uma só vez porque nem mesmo poderiam ser relatados numa conversa de blog. Mas para o que eu achar que é pertinente à conversa de BLOG já foi dada a largada... os dedos começam a trabalhar de novo no pc pra por o papo em dia.
Espero que gostem do que vão ler.
Aí vamos nós de novo!! 

Sapos

Postado por Simon Valadarez | Marcadores: , , , , , , , , , | Posted On quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007 at 15:24

Tenho medo de sapo e não sei ao certo desde quando. Mas hoje me lembrei das tardes de verão da minha infância quando nas férias a os moleques se reuniam para lavar a piscina lá em casa. Lavávamos os azulejos um por um com sabão enquanto inventávamos pretexto pra escorregões, muitas derrapadas e empurra-empurra no azulejo ensaboado. Entre a faxina e a brincadeira resultava um saldo maior de joelhos machucados, hematomas e galos depois dos tombos.
Éramos todos crianças e enquanto alguns amarravam bombinhas em rabo de gato e jogavam sal nos sapos, eu odiava os da minha piscina, mas era incapaz de fazer qualquer maldade com eles mais por medo, que depois de grande resolvi chamar orgulhosamente de nojo, do que por misericórdia daqueles anfíbios esquisitos. Quase sempre, depois de diminuir o nível da água, tínhamos que nos livrar de alguns sapos intrusos que não perdiam a chance de um mergulho na piscina limpa mais perto do brejo de onde eles vinham e viviam a três quadras dali. Numa daquelas tardes, tentando tirar um desses intrusos gosmentos da minha piscina, deixei a tábua cair no pé do sapo. Até aquele dia eu nunca tinha ouvido um bicho daqueles coaxar tão parecido com um grito de dor de gente. Juro que o sapo chorou. Quando a gente é criança, se acredita que até cachorro sorri, sapo então pode chorar.
Crescemos. Mudamos. Daqui de cima do apartamento, a piscina do condomínio está à distância de onze andares lá embaixo, no térreo. Quase ninguém a usa. Os sapos também não, presumo. Há muito tempo não os vejo. Construíram uma marginal em cima do brejo e a brincadeira de lavar piscinas virou profissão. Outro dia vi um ex-vizinho assíduo participante dos tempos da nossa farra de sabão passando o rodo do filtro aspirador nas piscinas do lado de dentro da nossa vizinhança. Sem sabão, sem sapo, sem festa. Falta dinheiro, Falta tempo, falta privacidade, falta segurança, falta gente e sapos de verdade aqui do lado de dentro. E aí fora? Onde estão as crianças?
No noticiário dezenas delas e um menino em particular morto numa história de terror e banditismo selvagem chocam com a resposta crua e o sentimento da ausência de tudo o que um dia parece ter existido sem esforço, recuando para dar lugar a um quadro de violência que avança nos trilhos do medo, com passos impunes. Cedo ou tarde, todos nós infelizmente sabemos onde ela está e que cara ela tem - a violência vil dos bandidos e terroristas que atacam dos covis os lares de gente de bem onde não existe mais segurança. Daqui do laod de dentro humanos atônitos, esmagados pelas pancadas de crimes cada vez mais brutais, engolem o grito do medo. E por todos os lados o que falta já deixou de ser carência para ser terror atemporal numa sensação prolongada e constante em que parece prevalecer tudo o que é amoral e bárbaro enquanto padece o que é bom e a esperança de civilização e civilidade diante dos nossos olhos.
Páro e fico pensando como é não poder mais viver sem ao menos saber a razão por que se morre como morreu João Hélio, o menino que foi arrastado sete quilômetros nas ruas do Rio de Janeiro por bandidos num carro roubado. Por que se morre? Por que se mata assim? Ou ambos os porquês? Certamente muitos mais porquês!João Hélio foi mais uma vítima de mais um crime repulsivo. Um crime que revolta pelas circunstâncias. Uma vítima que comove ao fazer refletir como poderiam ter vivido crianças que, como ele, deveriam crescer nas cidades, nas famílias, nas escolas, nos parques, nos passeios, tendo o direito pleno de serem crianças e terem uma família, educação, sonhos e condições de ser adultos normais para fazerem a diferença ou não num mundo de expectativas relativamente normais. Direitos que foram privados pela mão de assassinos ou que se privam mais ainda de uma parcela viva e pobre excluída de condições mínimas de sobrevivência, mas que, graças a Deus, nem por isso em sua totalidade decidiu justificar o crime como via de escape para oficializar a marginalidade nos desvios de conduta.
No meio de tudo isso voltei aos dias em que os meninos da rua brincavam de lavar a piscina. Alguns tinham medo de sapo como eu. Outros espancavam gatos. Mas todos queriam lavar a piscina. É, crescemos sim junto com tudo de bom e de ruim que pudemos trazer para o nosso mundo de hoje. Mas se todos os meninos da piscina puderem perceber que as brincadeiras de criança, mais sádicas ou menos maldosas, não são mais duras e traumatizantes do que o grito da dor de gente, então todos concordarão que ainda hoje, mais do que antes, nossa piscina precisa de limpeza pesada. Antes mesmo de entendermos o que viramos, teremos que tomar a decisão – ou lavamos nossas mãos e a consciência escondendo os sapos na água podre ou reformamos nosso mundo e ajustamos nossa atitude aprendendo que humanos são humanos, não são cachorros, nem gatos, nem sapos.

Retorno

Postado por Simon Valadarez | Marcadores: , , , | Posted On segunda-feira, 6 de novembro de 2006 at 00:32

Chego ao porto e algo me diz que avancei.
Como? Se as vezes sigo longe sem notar que voltei...
A curva dos maiores horizontes nossos pés nunca sentem.
E da areia vão se apagando os rastros já banhados nos passos rumo ao mar.
Vejo que as águas não são o limite do que foi, nem do que virá.
Posso andar sobre elas.
Aqui no meu porto recolho as velas da coragem bruta.
Desço a âncora que toca a margem segura da vida.
Paro. Espero. Escuto o vento soprar mais uma vez,
Espero anunciar quando já for a hora de partir.
Navegando entre mundos,
Ora aqui, ora além mar, damos voltas e voltamos a nós mesmos.
Retornamos pra ver que ainda somos iguais,
Pretos ou brancos,
Seguindo sem saber se os mares e os mundos são quadrados
Ou redondos, como nos ensinaram os nossos pais.

MEMÓRIA I

Postado por Simon Valadarez | | Posted On quinta-feira, 2 de novembro de 2006 at 20:29

Já era fim do dia e as sombras desfilavam alongadas sobre as casas de pedra. Os rastros iam ficando para trás das últimas barreiras no caminho do sol que partia calando-se para a noite que chegava e já começava a lavar o laranja com azul escuro tingindo cada árvore, cada muro e até os velhinhos que subiam a rua se recolhendo no compasso do poente.
Irrompi pelo portão. Abri a porta. Atravessei a sala ampla até a janela que dava vista pro fundo da casa. Tinha pressa de ver o pôr-do-sol. Sempre me encantou o sol. Apoiei uma cadeira para alcançar os ferrolhos pesados da janela que finalmente cederia ao meu esforço pelo quadro vivo que sempre roubara meu fôlego desde criança - o sol descendo entre os vales das plantações dos girassóis que àquela hora costumeira olhavam comigo, todos os dias, a luz poente na vista do fundo da casa.
Naquele dia entretanto, quando abri as janelas, o sol estranhamente não estava lá. A multidão dos girassóis ainda olhava para mim. Mas como podia ser? Eu o vi, vi o sol passar entre as sombras das seis! Não podia ser verdade! Olhei para o relógio belisário no canto da sala. Ainda havia um restinho de sol quando corri casa adentro. Mas da minha janela o sol não era mais o mesmo sol das seis. Já nem era mais sol. Uma penumbra escondia meus girassóis imóveis, virados para mim, como uma platéia impassível, contemplando meu espanto no silêncio.
Fiquei parado, atordoado, tentando entender aquela noite que roubara precipitadamente o dourado rotineiro dos finais de todos os meus dias.
Enquanto ali, paralisado, já a noite sem luz misturava rapidamente o meu vulto com a silhueta da janela e os últimos contornos do campo de girassóis, um som seco e alto rompeu o silêncio logo atrás de mim. Antes mesmo de virar-me, ouvi a porta principal atrás de mim se abrir. Virei-me e vi um vulto que não me parecia estranho. A figura de um homem ofuscado por um brilho intenso que vinha lá de fora. A luz amarela que busquei todos os finais de tarde e se escondera injustamente naquela tarde, agora resplandecia ofuscante e redefinia as formas das paredes e dos caminhos dentro da casa. Então, caminhei em sua direção, refazendo o lance amplo do cômodo da sala que eu havia percorrido a pouco tempo até a janela dentro da casa. Só então vi também que os móveis estavam fora do lugar. Era como se um terremoto ivesse acontecido ali sem que eu percebesse enquanto eu me ressentia da ausência do meu sol e meus girassóis. Diminuí os passos. Vi brinquedos jogados pelo chão, cartas na mesa. Cartas seladas. Cartas rasgadas. E, bem perto, entre mim e o homem da porta, entre o meu sol poente que ele insistia em conter com sua silhueta familiar, pisei em algo que rangeu mas não partiu. Eram meus óculos. Tentei usá-los. Já não se ajustavam mais no meu rosto. Tentei chegar mais perto do sol atrás do homem por entre a porta aberta. Óculos quebrados. Lentes embaçadas. Pés tropeçando nos objetos, no chão. e quanto mais eu me aproximava da porta, mais clara se tornava a fisionomia do homem parado ali. Finalmente notei-me à mesma altura daquela pessoa inconvenientemente estacionada no portal entre mim e os raios do sol. Mas eu queria era sair logo e ver a razão de todos os meus dias – queria ver entre o fim e o início, entre as estrelas e o sol, as costas dos girassóis regidos sob a luz que tingia de ouro o prefácio das minhas noites.
Cada vez mais perto, cheguei até o homem da porta. A porta era um espelho. A porta era meu espelho que não vi. E o obstáculo que me opunha à visão desejada era simplesmente meu eu crescido, adultecido.
Seria meus sonhos adulterados em devaneio desnorteante ou a grandeza de todo adulto que se fecha em sua própria casa como os velhinhos que sobem a rua na hora do poente?
Vi então que o sol era tudo o que meus olhos buscavam, viam e criam todos os dias que ele estaria lá.
O sentido das sombras jamais seria pra mim maior do que tudo enquanto eu acreditasse que, comigo, o campo inteiro de girassóies buscava os raios do poente. Essas sombras gigantes do fim do dia não cresciam maiores que o coração de criança ainda que perdido no reflexo do homem no espelho.
Abrindo as janelas de casa vi a distância entre o que construíram ao meu redor e o meu mundo onde o sol se punha e, mesmo se pondo, ia-se assim, tranquilo como quem voltasse sem deixar que o medo raiar na noite onde meus girassóis cabisbaixos velavam em suas faces as sementes que acordavam junto comigo a cada manhã para vermos o dia nascer.
Tudo isso eu via e vivia num tempo onde a imaginação era a própria realidade. Numa estação eterna em que nunca caíra a chuva que inundasse as colheitas, nem a noite que aterrorizasse os sonhos, nem a neve que congelasse os rios. Um tempo em que nem o sol brilhara impiedoso que tivesse causado qualquer deserto. Uma época em que todo dia, à qualquer hora, era assim - uma vista da janela, luz dos olhos e no rosto vindo do dia dourado dando até logo para o dia às seis da tarde.

Memórias de infância.
Parte primeira.

PORTA

Postado por Simon Valadarez | | Posted On quarta-feira, 6 de setembro de 2006 at 09:43

Como a pedra que havia no caminho do grande poeta, tenho a porta bem no meio do meu.
Aparentemente forte, ela, a porta, parece definir se paro ou sigo, e o medo a torna maior e prepotente para decidir por mim.
Mas coragem é minha escolha pra seguir. Sigo descobrindo o novo das portas que se abriram, deixando para trás o desconhecido das portas que se fecharam.
Em cada caminho sei que estará sempre lá, uma porta, fechada ou aberta. Seguindo ou regressando por ela, o que me importa não é o encontro em si com a porta, mas o passo que dei adiante na escada, na estrada, na ponte ou no abismo... depois da porta... além da porta.

REENCONTRO

Postado por Simon Valadarez | | Posted On quinta-feira, 6 de julho de 2006 at 00:32

Encontrar você é como algo que espero em algum lugar entre o dia e a noite,
É um desejo real de em algum lugar no encontro dos olhos que sonham nas ruas, na multidão que volta pra casa, ouvir o som único de dois corações que pulsar como um só guardado sob o silêncio do nosso abraço.
E o mundo todo pára num espaço ao redor do nosso tempo onde o amor pode acontecer e existir pra sempre enquanto, agora, estou mais certo de que você está mais perto.
Depois da noite você vai raiar com o brilho do sol e ouvirei você sussurando pra mim que a voz da solidão não é maior que a minha canção de amor.
E se uma lágrima rolar, nascerá nova canção porque sei que você está aí.
E assim, querer amar e sonhar sempre valerá a pena.
E onde nossos corações baterem, longe ou perto, juntos ou jamais encontrados,
Serei sonho, você inspiração e a vida uma canção... pra quando você voltar.

IM@GEM

Postado por Simon Valadarez | | Posted On terça-feira, 29 de novembro de 2005 at 23:48

Viramos rótulo,
Número e pixels da última impressão.
Deletáveis, temos tudo e conquistamos,
Trocamos, reformamos, esbanjamos.
Teorizamos a verdade.
Desconectamos os abraços.
Relativizamos a lealdade.
Escrevemos mas nos esquecemos como dizer "eu te amo".
Já nem nos tocamos mais.
Nossos bom-dia repetem-se em control+v e atalhamos
A vida pra não olhar nos olhos.
Nos "cuidamos" pra não deixar que cheguem perto ...
Firewalls, paredes de humanos ...
Tecnologia, distâncias rápidas, contatos curtos,
Mundos menores. Diminuiram o globo pra dentro de um chip ...
Querem micronizar nosso coração ...
Mas do que vale ter mais em menos?
Emburrecemos! Invertemos a lógica.
A possibilidade do infinito entregamos a uma máquina
Que conhece o "1" e o "zero", mas tudo o que somos não cabe lá dentro ...
De que vale navegar se as rotas do seu barco
Não são os mares do seu coração?
Surfar uma vida só não seria suficiente pra conhecer.
Pra entender. Tudo bem,
Meu barco é eterno.
E eterno o caminho em mim.

PARADOXO

Postado por Simon Valadarez | | Posted On quinta-feira, 29 de setembro de 2005 at 23:50

Autêntico em atitude e livre em pensamento. Creio na força da vida e nas pessoas ao meu redor. Em Deus e no amor. Nasci pra acreditar. Vivo pra confiar. Sou verbo presente, avesso a pretéritos imperfeitos, futuros perfeitos e gerúndios previsíveis. Nao me atraem predicados sem atitude ou sem o complemento da coragem que nos leva a conjugar viver acima da mediocridade, além do comodismo, além da omissão, do medo, da mentira, da hipocrisia, da negligência, do egoísmo,da ignorância e da falta de opinião. E vivo, intensamente cada emoção, sob a regência do meu hiper coração, em compassos de qualquer escala. Na caminhada sou forte o bastante pra existir além dos paradoxos da mera sobrevivência. Sim, existo de fato e pleno direito na vida, na história e no caminho, também no tempo e no espaço de quem cruza minha estrada. Sou o fraco e o forte, a rocha e a água, o previsível e o inesperado, o estrondo e o sussurro, a tempestade e o orvalho, o soluço silenciado da noite, o brado de coragem na manhã, o óbvio e o incalculável. Sou gesto, forma, riso, lágrima, presença e distância. Uma criança no coração. Um adulto em construção. Sou energia latente e força pulsante. Metade amor, outra metade distante. Eterno e inteiro humano. Sou todo palavras. Sou silêncio que refaz. Da vida me aprendo, pela fé me sustento. E assim, não sou mais o mesmo do último minuto que passou. Meus pés pisam o chão e meus olhos vêem as nuvens. Estou voando nos lugares altos.

GENTE

Postado por Simon Valadarez | | Posted On segunda-feira, 17 de janeiro de 2005 at 13:51

Gente tão distinta quanto você que me lê a diferença.
Na semelhança, tão iguais, nos vemos gente um no outro.
Gente no rosto da multidão, reconhecida no eco da voz que se ouviu.
Gente clone da nova aparência da moda dos iguais.
Gente igual da velha tradição, da segurança dos convencionais.
Gente que ama o próximo,em tempos que próximo é coisa como que se descartou.
Gente que respeita o outro,em tempos que outro é troca do que se quebrou.
Gente que é e, sendo, reconhece em si mesmo o milagre de existir.
Gente ação, complemento, substância, adjetivo,
verbos vivos sujeitos aos próprios nomes que a gente dá pra gente.
Gente fashion, pop, underground, gente famosa,
gente de rótulos, medalhas e flâmulas.

Gente que ama muito tudo isso
E, por trás disso tudo, gente que ama.
Gente que das lutas se forja um nobre.
Gente que da honra perdida se fez pobre.
Gente do circo, do trabalho, das ruas, do elevador, de casa.
Gente que faz rir, indignar, chorar, calar.
Gente faminta, na esquina e em todo lugar.
Gente que também tem fome do que a gente sente.
E gente que sente fome só do que a gente tem.

Gente tecnológica que, de surreal,olha a virtualidade do mundo pelas janelas do Windows.
Gente purificada que, de verdade,enxerga a real idade pela janela da alma,
os olhos da gente.
Gente carente, gente doente, gente sorridente.
Gente divina que na terra dos homens reflete o Deus dos céus.
Gente ainda crente na verdade vivida e na fé repartida.
Gente quente que aquece o mundo tocando outras gentes.
Gente simplesmente extraordinária e ordinariamente comum.
Gente boa e humilde, orgulhosa e maldosa.
Gente indomável que de selvagem melhor não prender.
Gente como nós, eu, você,
de meros humanos nos tornamos mais gente,
quando aprendemos a não envelhecer com os anos,
mas fazemos da vida da gente e da gente das nossas vidas
a consequência de sermos grandes.